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Os Meus Nobel

Aqui encontra informação sobre a vida e a obra de grandes escritores, galardoados com o Prémio Nobel de Literatura ou não, minhas recensões de livros, textos de minha autoria e notícias literárias

Os Meus Nobel

Aqui encontra informação sobre a vida e a obra de grandes escritores, galardoados com o Prémio Nobel de Literatura ou não, minhas recensões de livros, textos de minha autoria e notícias literárias

O Acontecimento

Vibarao, 08.11.22

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Comentário ao livro “O ACONTECIMENTO” de Annie Ernaux

Annie Ernaux é a mais recente vencedora do Prémio Nobel de Literatura. É uma escritora francesa de que, confesso, nunca tinha ouvido falar, apesar de ter vários livros editados em Portugal. O seu livro mais conhecido é “Os Anos”, que venceu diversos prémios importantes. Mas a sinopse não me convenceu a escolhê-lo para me iniciar na sua escrita, porque me deu a sensação de ser a crónica da sua vida e da sociedade desde que nasceu até escrever esse livro aos 65 anos, baseada em recordações como fotografias, filmes, livros, acontecimentos, etc., ligados especialmente à França, muitos dos quais não me dizem, provavelmente, grande coisa.

Em contrapartida, o tema de ”O Acontecimento” chamou-me logo a atenção e não resisti a começar imediatamente a lê-lo. Não me desiludiu, embora não seja bem o género mais do meu gosto, a autobiografia. Uma grande parte dos escritores famosos passam os últimos anos da sua vida a escrever autobiografias, certamente a pedido dos seus editores, a fim de deixarem no papel a visão pessoal da sua própria vida, normalmente de muito interesse para os seus leitores. Mas não é o caso de Annie Ernaux que escreve assim desde sempre.

 

Paraíso

Vibarao, 03.10.22

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Comentário ao livro “PARAÍSO” de Abdulrazak Gurnah

O título deste romance é irónico, pois a história é tudo menos um paraíso para os seus protagonistas. A ação acontece entre 1900 e 1914 na África Oriental colonial e concentra-se em Yusuf, que é entregue aos 12 anos pelo seu pai, a um certo Aziz, como garantia das dívidas que tem vindo a acumular para com ele e não pode pagar. O pai de Yusuf dirige um pequeno hotel numa modesta cidade situada à beira da linha de caminho de ferro que os alemães estão a acabar de construir, para ligar o litoral ao interior. Mas a clientela é cada vez menor e a família está a ficar na miséria.

Yusuf vem, portanto, da pequena burguesia árabe empobrecida, um tipo de personagens muito comum na obra de Gurnah, à qual ele próprio pertencia. Natural da ilha de Zanzibar, teve de fugir para Inglaterra quando a ilha se torna independente dos colonizadores britânicos e a maioria negra toma conta do poder e começa a perseguir as minorias árabes e indianas que dominavam o comércio da ilha há vários séculos.

 

A Ascensão de Joaninha

Vibarao, 23.09.22

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Comentário ao livro “A ASCENSÃO DE JOANINHA” de Gerhart Hauptmann

Esta é uma das mais importantes peças de teatro de Gerhart Haupmtmann, um dos fundadores do naturalismo a par com Émile Zola e Lev Tolstoy que, ainda hoje, é considerado um dos mais importantes dramaturgos alemães.

A história passa-se num asilo que recolhe pobres e sem abrigo. A peça começa com quatro asilados em palco, o que nos dá logo uma imagem do papel que a instituição desempenha no auxílio às pessoas miseráveis que ali se acolhem: pedintes, bêbedos, ladrões, deficientes, prostitutas. Mas logo chega Gottwald, o professor, com uma jovem desmaiada nos braços. Pelo diálogo, ficamos a saber que Hannele (Joaninha na versão portuguesa) é uma menina órfã de mãe, maltratada e abusada pelo padrasto que a obriga a mendigar para conseguir dinheiro para as suas bebedeiras. Foi encontrada por um lenhador, quase afogada num lago gelado e tão maltratada que vai mesmo morrer, apesar da assistência que lhe é prestada.

 

Kyoto

Vibarao, 21.09.22

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Comentário ao livro “KYOTO” de Yasunari Kawabata

Sem desprimor para as restantes obras, esta é justamente considerada a obra-prima de Yasunari Kawabata. Este romance tem tudo o que a sua escrita tem de melhor: o conhecimento perfeito da psicologia feminina, a simplicidade e subtileza da escrita, a elegância de estilo e a prodigiosa imaginação.

Kyoto fala do modo de vida no Japão, das suas casas com paredes de papel pintado e portas de correr; fala do vestuário tradicional, fala do kimono e do obi (a longa faixa que é atada à volta da cintura para manter as duas abas do kimono presas ao corpo e este não se abrir); fala dos gostos e da maneira de ser e de estar, das vénias e dos olhares; fala das cerimónias do chá ritual, como é feito, como é servido, como deve atuar quem serve e quem é servido, como se deve segurar a chávena. Tudo isto como pano de fundo de uma história muito terna, onde o amor está sempre presente.

 

Os Intérpretes

Vibarao, 19.09.22

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Comentário ao livro “OS INTÉRPRETES” de Wole Soyinka

Wole Soyinka foi o primeiro negro a ser galardoado com o Prémio Nobel da Literatura. O primeiro e único galardoado anterior nascido no continente africano foi Albert Camus que era branco. Depois dele, só outro africano negro venceu o Prémio Nobel de Literatura, Abdulrazak Gurnah, o mais recente galardoado. Wole Soyinka foi, essencialmente, dramaturgo, mas também escreveu três romances, sendo “Os Intérpretes” o primeiro deles e, ao que julgo, a sua única obra editada em Portugal. Foi editado pelas Edições 70 logo após a sua edição original, mais de 20 anos antes de o autor vencer o Prémio Nobel de Literatura.

 

Justiça!

Vibarao, 16.09.22

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Comentário ao livro “JUSTIÇA!” de Wladyslaw Reymont

Ao que sei, este é o único livro de Wladislaw Reymont traduzido em Portugal, para além de um conto incluído numa antologia de contos polacos. E não é um dos seus livros mais famosos. Não se compreende que, por exemplo, “Chlopi” (que significa “Camponeses”), a sua obra-prima que lhe valeu o Prémio Nobel de Literatura, nunca tenha sido traduzido e publicado em Portugal, nem no Brasil. Também é difícil aceitar que “O Triunfo dos Porcos” de George Orwell seja tão lido em Portugal e o romance “Bunt” (A Revolta) de Reymont que o inspirou, seja desconhecido. Publicado cerca de quinze anos antes, é uma crítica ao regime comunista e descreve uma revolta de animais que tomam conta da sua quinta para introduzir a "igualdade", mas a revolta rapidamente degenera em abuso e terror sangrento, exatamente como no livro de Orwell.

 

O Deus das Moscas

Vibarao, 12.09.22

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Comentário ao livro “O DEUS DAS MOSCAS” de William Golding

William Golding participou na Segunda Guerra Mundial e o horror que viveu está refletido no seu trabalho literário, nomeadamente neste livro que começou a escrever a seguir à guerra, mas só conseguiu publicar em 1954, depois de ser rejeitado por várias editoras, sendo o seu romance de estreia.  Foi um sucesso de vendas imediato, tornou o seu autor conhecido na Inglaterra e internacionalmente, e é considerado a sua obra-prima.

Facilmente o leitor associa o título à ideia de desagregação social, pois as moscas aparecem na carne em decomposição, no lixo, na imundície, como se pode ler literalmente no livro. As personagens são crianças, mas crianças completamente opostas ao “bom selvagem” de Rousseau. Marcado pela guerra, Golding apresenta as suas personagens intrinsecamente más por natureza. Ele afirmou mais tarde que o ser humano faz o mal com a mesma naturalidade com que as abelhas fazem o mel, o que é significativo da sua forma de pensar. Para ele, a natureza é um ecossistema renovável, mas sob a ameaça constante do ser humano.

 

Palmeiras Bravas - Rio Velho

Vibarao, 10.09.22

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Comentário ao livro “PALMEIRAS BRAVAS – RIO VELHO” de William Faulkner

Esta edição é muito importante, porque apresenta este livro tal como foi escrito por William Faulkner e editado em 1939. Apresenta duas histórias em paralelo, alternado cada capítulo de uma com um capítulo da outra, até ao desenlace de ambas. Infelizmente, em Portugal e noutros países, foram separadas e publicadas de forma independe, retirando à obra um aspeto muito importante. Na minha opinião e, certamente, também na do autor, não são tão independentes uma da outra como pode parecer à primeira vista.

No caso de Portugal, “Palmeiras Bravas” foi editado pela Portugália Editora em 1951 e “Rio Velho” foi editado pela mesma editora em 1963, com o título “O Homem e o Rio”. As traduções eram de pessoas diferentes e, ao que penso, traduzidas de edições já separadas. Esta nova edição recupera a tradução de “Palmeiras Bravas” que havia sido feita pelo saudoso Jorge de Sena e “Rio Velho” tem nova tradução, agora de Ana Maria Chaves. Também o magnífico prefácio de Jorge de Sena a “Palmeiras Bravas” é reproduzido nesta edição da Dom Quixote.

 

Uma Casa Para Mr. Biswas

Vibarao, 08.09.22

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Comentário ao livro “UMA CASA PARA MR. BISWAS” de V. S. Naipaul

Este foi o primeiro romance de Naipaul e alcançou tão grande sucesso que o autor começou logo a ser mundialmente conhecido, permitindo-lhe dedicar-se à escrita a tempo inteiro.

“Uma Casa para Mr. Biswas” é uma versão romanceada da vida do pai de Naipaul, a partir das memórias de infância que este guardava. O protagonista, Mohun Biswas, referido ao longo de todo o livro como Mr. Biswas, é impulsionado por força das circunstâncias a exercer uma sucessão de profissões: aprendiz de um pândita hindu em adolescente; depois um pintor de tabuletas; proprietário de uma mercearia no “coração da zona da cana-de-açúcar”; subcapataz numa plantação de cana “húmida, sombria e fechada” sob as ordens de um cunhado; e repórter do jornal The Trinidad Sentinel, com uma passagem intercalar por um serviço estatal de ajuda aos necessitados.

 

Beloved

Vibarao, 07.09.22

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Comentário ao livro “BELOVED” de Toni Morrison

Toni Morrison foi a primeira mulher negra a ser galardoada com o Prémio Nobel de Literatura e os seus livros versam, sobretudo, os problemas das mulheres negras americanas no tempo da escravatura e depois da abolição desta. É o caso de “Beloved”, considerado a sua obra-prima.

O esqueleto da ação de “Beloved” situa-se nos primeiros tempos após a Guerra da Secessão e a abolição da escravatura nos Estados Unidos da América. Conta a história de Sethe, uma ex-escrava que, trinta anos depois, continua a ser assombrada pelo passado. Mas aquilo que mais me impressionou e me agarrou nesta leitura foram os flashbacks ao passado, ao tempo da sua escravidão.

 

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