O Deus das Moscas
Comentário ao livro “O DEUS DAS MOSCAS” de William Golding
William Golding participou na Segunda Guerra Mundial e o horror que viveu está refletido no seu trabalho literário, nomeadamente neste livro que começou a escrever a seguir à guerra, mas só conseguiu publicar em 1954, depois de ser rejeitado por várias editoras, sendo o seu romance de estreia. Foi um sucesso de vendas imediato, tornou o seu autor conhecido na Inglaterra e internacionalmente, e é considerado a sua obra-prima.
Facilmente o leitor associa o título à ideia de desagregação social, pois as moscas aparecem na carne em decomposição, no lixo, na imundície, como se pode ler literalmente no livro. As personagens são crianças, mas crianças completamente opostas ao “bom selvagem” de Rousseau. Marcado pela guerra, Golding apresenta as suas personagens intrinsecamente más por natureza. Ele afirmou mais tarde que o ser humano faz o mal com a mesma naturalidade com que as abelhas fazem o mel, o que é significativo da sua forma de pensar. Para ele, a natureza é um ecossistema renovável, mas sob a ameaça constante do ser humano.