Comentário ao livro “OS DADOS ESTÃO LANÇADOS” de Jean-Paul Sartre
A famosa frase de Sartre “A Existência precede a Essência”, que sintetiza a sua teoria existencialista, tem perfeita concretização neste livro, um misto entre romance e peça de teatro. “Os Dados Estão Lançados” é uma obra muito especial, que utiliza uma linguagem nitidamente dramática, mas não tem a estrutura de uma peça de teatro, pois não está dividido em atos, nem estes em cenas; não tem a evidência do que é didascália e do que é diálogo. É formado por pequenos capítulos, cujos títulos são o que mais de aproxima de uma mudança de cena.
A história só podia ter saído da cabeça de Jean-Paul Sartre. Um operário, membro de um grupo de revolucionários que planeia um atentado ao ditador do regime, é assassinado; quase em simultâneo, a esposa do comandante da polícia que defende o mesmo regime morre de doença. Chegam ao mundo dos mortos e ele é informado de que foi traído por um companheiro de luta; ela descobre que foi lentamente envenenada pelo marido. Ambos verificam que não há céu nem inferno e o mundo dos mortos é o mesmo dos vivos: os mortos passeiam por entre os vivos, mas estes não os veem; os mortos veem os vivos, mas não podem comunicar com eles.