Uma conversa de meia hora sobre Nadine Gordimer, que foi uma escritora sul-africana, nascida em Springs, uma cidade mineira dos arredores de Joanesburgo em 1923 e falecida em Joanesburgo em 2014, que foi galardoada com o Prémio Nobel de Literatura de 1991. Forte contestatária da opressão da maioria negra pela minoria branca do país, vários dos seus livros foram proibidos pelo regime do apartheid.

Oiça aqui o podcast do programa sobre esta autora que passou na Rádio Amparo, a webradio da paróquia de Benfica - Lisboa.

Comentário ao livro “UM MUNDO DE ESTRANHOS” de Nadine Gordimer

Nadine Gordimer publicou 14 romances, todos eles de crítica ao regime de apartheid que vigorou na África do Sul desde 1948 até 1994. Trata-se de um regime político onde os negros, a grande maioria da população, eram segregados pelos brancos e tinham muito poucos direitos. Também outras raças, como os indianos e os mestiços, por exemplo, eram segregadas. Os brancos tinham duas origens: os agricultores holandeses que ali se tinham estabelecido no século XVII (apelidados de ‘bóeres’, que significa agricultores em holandês) e os ingleses que ocuparam o território no início do século XIX, quando se tornou uma colónia britânica. Eram duas comunidades que nunca se deram muito bem, mas se uniram por um interesse comum: exercer o poder da raça branca, mesmo depois de ser abolida a escravatura, através da segregação dos negros, mestiços e indianos em territórios separados, de onde só podiam sair para trabalhar para os brancos e onde as condições de vida eram muito precárias. Tudo era separado, desde os meios de transporte e zonas de residência até à saúde, educação e serviços públicos em geral.

Comentário ao livro “A IDADE DO FERRO” de J.M. Coetzee

Coetzee é um escritor nascido na África do Sul no início dos anos 40 do século passado. Foi criado em plena época de implantação do Apartheid, mas a sua família era da Cidade do Cabo, falava inglês e não apoiava das ideias dos Bóeres, que eram os descendentes de colonos holandeses e os grandes adeptos das teorias da segregação racial. Coetzee nunca se meteu na política e a sua animosidade contra a segregação racial e a situação da população que não era de cor branca, especialmente os negros, revelava-se através das suas obras literárias, que lhe deram grande reconhecimento internacional, numa altura em que a generalidade dos países advogava o fim do Apartheid. É o caso deste romance, escrito ainda na África do Sul, na altura em que o Presidente Frederik de Klerk começou a negociar o fim deste regime.

J. M. Coetzee é um escritor nascido na África do Sul em 1940 e naturalizado australiano em março de 2006, que recebeu o Prémio Nobel de Literatura de 2003, sendo o quarto escritor africano a receber esta honra e o segundo do seu país natal (depois de Nadine Gordimer, galardoada em 1991).

Obras traduzidas em Portugal: "In the Heart of the Country" (No Coração Desta Terra, 1977); "Waiting for the Barbarians" (À Espera dos Bárbaros, 1980); "Life & Times of Michael K" (A Vida e o Tempo de Michael K, 1983); "Foe" (A Ilha, 1986); "Age of Iron" (A Idade do Ferro, 1990); "The Master of Petersburg" (O Mestre de Petersburgo, 1994); "Disgrace" (Desgraça, 1999); "Elizabeth Costello" (Elizabeth Costello, 2003); "Slow Man" (O Homem Lento, 2005); "Diary of a Bad Year" (Diário de Um Ano Mau, 2007); "Summertime" (Verão, 2009); "The Childhood of Jesus" (A Infância de Jesus, 2013); "The Schooldays of Jesus" (Jesus na Escola, 2016); The Death of Jesus (A Morte de Jesus, 2020).

Veja o vídeo sobre a sua vida e obra aqui.

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