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Os Meus Nobel

Aqui encontra informação sobre a vida e a obra de grandes escritores, galardoados com o Prémio Nobel de Literatura ou não, minhas recensões de livros, textos de minha autoria e notícias literárias

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Reinos Bastardos

Vibarao, 04.04.25

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“Reinos Bastardos” de Luís Corte Real

Neste primeiro volume de “Canção de Runa”, Luís Corte Real surpreendeu-me mais uma vez, revelando-se um autor multifacetado, movimentando-se com o mesmo à-vontade por qualquer dos vários subgéneros do fantástico. Depois de deliciar os seus leitores pelos terrenos do horror com as aventuras do sinistro Benjamim Tormenta, o Detetive do Oculto; depois de nos levar a passear pela capital do Quinto Império no mundo alternativo do primeiro volume de “Lisboa Noir”,  cujo segundo volume aguardamos para breve com a maior expetativa; surpreendeu, mais uma vez, com este primeiro volume de uma nova série, onde se movimentam humanos e ogres, para já não falar dos velhos Arcanos vindos das estrelas em tempos imemoriais.

Depois de deliciar os adultos nas suas séries anteriores, pisca agora o olho aos jovens, sem esquecer os menos jovens que também adoram pôr a sua imaginação a movimentar-se por outros mundos, outras civilizações, outros super-heróis. E criou não só uma civilização bem construída, com duas raças que disputam o domínio daquele mundo, mas também uma heroína que cativa todos os que têm a sorte de se lançar nesta leitura: Runa!

Confesso que tinha o livro na minha estante quase há um ano, desde que surgiu no mercado, mas ainda não me tinha sido possível lançar-lhe a mão; digo a mão, porque os olhos passavam-lhe pela frente com frequência. Nesta semana, depois de concluir os meus habituais afazeres da semana, surgiu uma pequena aberta e este foi naturalmente o escolhido, entre outros que aguardam igual sorte.

Quem é Runa, afinal? Não quero desvendar muito, só um “cheirinho” para despertar a curiosidade… Kkar, um lendário guerreiro ogre, é capturado numa cidade humana e salvo por uma mulher que acabava de dar à luz, ajudando-o a escapar, enquanto se esvai em sangue. Em paga, pede-lhe para salvar a recém-nascida, compromisso que ele aceita. Kkar leva a bebé para o seu reino e cria-a com todo o afeto como se fosse sua filha: era Runa. Esta cresce num ambiente hostil, onde os humanos capturados são os escravos dos ogres. Runa terá de ultrapassar os muitos obstáculos que se atravessam no seu caminho e vai adquirir um prestígio com o qual não podia sequer sonhar. Mas será que o apelo do sangue não vai falar mais alto?

Luís Corte Real revela, mais uma vez, grandes qualidades de escritor e apresenta-nos uma trama muito bem construída, onde tudo é doseado com conta peso e medida. Os acontecimentos sucedem-se a um ritmo alucinante, em capítulos curtos, densos, mas de fácil leitura. Uma vez começada a leitura, é difícil pousar o livro sem chegar ao fim e conhecer o desenlace.

Reinos Bastardos” é uma história emocionante e educativa, que mostra a verdade de dois ditados muito populares no nosso País: “criar é amar” e “faz o bem, não olhes a quem”. É também uma alegoria contra a discriminação: mostra que ser diferente não é ser melhor nem pior, é só ser diferente.

Dava um excelente argumento para um filme, ao estilo de “Dune”. Não é de modo nenhum uma história semelhante, mas várias vezes me fez lembrar ao longo da leitura.

Venha de lá o próximo volume, que já tem nome: "Reinos Humanos". Ficamos à espera, Luís!

 

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