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Os Meus Nobel

Aqui encontra informação sobre a vida e a obra de grandes escritores, galardoados com o Prémio Nobel de Literatura ou não, minhas recensões de livros, textos de minha autoria e notícias literárias

Os Meus Nobel

Aqui encontra informação sobre a vida e a obra de grandes escritores, galardoados com o Prémio Nobel de Literatura ou não, minhas recensões de livros, textos de minha autoria e notícias literárias

Santa Miséria

Vibarao, 30.03.22

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Comentário ao livro "SANTA MISÉRIA" de Frans Eemil Sillanpää

 Desde que comecei a fazer vídeos para divulgar no YouTube a vida e a obra dos escritores que foram galardoados com o Prémio Nobel de Literatura, consolidei a convicção que já tinha de que todos os escritores vertem nas suas obras algo da sua vida, por pouco que seja. A experiência de vida de cada um de nós, de modo especial a nossa infância e juventude, vão ter um grande papel na nossa atividade profissional, familiar e social. Assim, todos os escritores colocam sempre algo de si nas suas personagens, nas tramas que inventam e nos cenários das suas obras de ficção. Foi o que aconteceu com Frans Sillanpää neste livro.

 

 

Frans Eemil Sillanpää

Vibarao, 30.03.22

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Frans Eemil Sillanpää, nascido em 16 de setembro de 1888 e falecido em 3 de junho de 1964, foi o primeiro escritor finlandês a ser galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, em 1939. Era filho de um colono muito pobre, como eram todos os trabalhadores das zonas rurais mais remotas da Finlândia, e, só por um acaso da sorte, pôde estudar e vir a ser um grande escritor. Nos seus romances narrou a miséria em que ele e muitos outros viveram. Obras editadas em Portugal: "Santa Miséria" ("Hurskas Kurjuus", 1919) e "Silja" ("Nuorena nukkunut", 1931), ambas editadas pela Editorial Inquérito e há muitos anos esgotadas.

Veja o vídeo sobre a sua vida e obra aqui.

Ameno serão familiar

Vibarao, 29.03.22

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M – Maria, dá-me daí esse jornal, que está em cima da mesa.

A – Achas que sou tua criada?!

R – Raios te partam, mulher, que estás a ficar muito exigente para o meu gosto!

T – Tu é que estás a ficar um lambão que só come e dorme.

Í – Irra, não há quem aguente os desaforos desta mulher!

R – Raios te partam, seu estúpido, que já não te aguento mais.

I – Isso digo eu, que estou a ficar farto desta cabra doida!

O – O que tu disseste? Cabra doida?! Repete lá, se és capaz!...

 

D – Disse e torno a dizer: és uma cabra doida, três vezes doida! Satisfeita?...

E – Eu já não te vejo e estou capaz de te ir ao focinho.

 

V – Vem daí, se és capaz! Ainda há de nascer a mulher capaz de me bater!

I – Isso é o que tu julgas. Queres experimentar? (dá-lhe um valente estalo na cara).

D – Deus me valha, que ela foi mesmo capaz de…

A – Agora já sabes quem manda cá em casa. E, se queres ler o jornal, vai tu buscá-lo.

 

Nota: Este tipo de poema em que as primeiras letras de cada verso formam uma palavra ou frase na vertical, chama-se um acróstico.

Thérèse Desqueyroux

Vibarao, 29.03.22

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Comentário ao livro "THÉRÈSE DESQUEYROUX" de François Mauriac

François Mauriac foi galardoado com o Prémio Nobel de literatura “pela profunda visão espiritual e artística com a qual os seus romances penetraram com intensidade o drama da vida humana”. Este romance que vou tentar comentar é um bom exemplo do drama que viver é para cada ser humano. Mauriac era católico e tinha sido educado numa profunda ortodoxia religiosa. Mas, como todos os que receberam uma educação como a sua, vivia o dilema de ser naturalmente inclinado para o prazer, o egoísmo, a vaidade, o ódio, enfim tudo o que a religião condena e a que chama "pecado", e os seus opostos a que o a religião chama "virtude". Quem é que, perante cada circunstância da vida, não sente esta dualidade? Como reagir? O pecado será sempre pecado, ou será um ato virtuoso numa circunstância concreta? Vamos a um exemplo, para me explicar melhor. Não será legítimo para uma mulher que é sistematicamente violentada pelo companheiro, que esgotou todas as formas ao seu alcance para evitar ser assassinada, que está à beira de o ser e que não obtém o justo apoio da justiça, se antecipe e o mate, mesmo que de forma premeditada? Qual é o maior pecado: esperar pela morte ou evitar que tal venha a acontecer?

 

 

François Mauriac

Vibarao, 29.03.22

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François Mauriac , nascido em 1885 em Bordeus e falecido em Paris em 1970, é um poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta e cronista político francês, autor de uma vasta obra luminosa, magnífica e atormentada, consagrada aos mistérios do pecado e da graça, e à defesa do homem, fragmento do divino, galardoado com o Prémio Nobel de Literatura em 1952. Principais obras editadas em Portugal (Data da 1ª edição original e título que recebeu no nosso País) : "O Deserto do Amor" (1924), Thérèse Desqueyroux" (1927), "O Nó de Víboras" (1932), "O Fim da Noite" (1935), "O Demónio da Rectidão" (1941) e "O Lobo e o Cordeiro" (1954).

Veja o vídeo sobre a sua vida e obra aqui.

O Tempo de Sua Graça

Vibarao, 29.03.22

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Comentário ao livro “O TEMPO DE SUA GRAÇA” de Eyvind Johnson

Ao que julgo, este é o único livro de Eyvind Johnson editado em Portugal. Faz parte do seu lote de romances históricos, género a que se dedicou completamente, depois da Segunda Guerra Mundial. Antes da guerra, escreveu contos e obras de cariz autobiográfico, romances baseados na sua extraordinária experiência, pois, tendo nascido numa família pobre do norte da Suécia, teve de exercer as mais variadas profissões, entre as quais lenhador, serrador, cortador de feno, lavador de locomotivas, bilheteiro de cinema, projecionista, aprendiz de canalizador e eletricista, até se tornar jornalista e escritor. Entre 1921 e 1923, viveu na Alemanha e na França, tendo trabalhado na lavandaria de um hotel em Paris, enquanto escrevia para jornais suecos.

“O Tempo de Sua Graça” é um romance histórico ambientado no início do Sacro Império Romano-Germânico, entre os séculos VIII e IX. A história fala de Carlos Martel e a sua luta contra os Mouros da Península Ibérica, fala de Pepino o Breve, mas começa verdadeiramente quando Carlos Magno se torna rei dos Francos e inicia as conquistas para dilatar os seus domínios, centrando-se na conquista da Lombardia no ano de 774, mais propriamente na abortada revolta de 775, tentada pelos nobres lombardos para recuperar a independência.

 

Eyvind Johnson

Vibarao, 29.03.22

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Eyvind Johnson foi um escritor e poeta sueco nascido em 1900 e falecido em 1976. Tornou-se membro da Academia Sueca em 1957 e foi laureado com o Nobel de Literatura de 1974, juntamente com Harry Martinson. Os seus livros descrevem a sua origem proletária e abordam a sua posição em relação às ditaduras. Começou por publicar compilações de contos, a partir de 1924. A partir de 1930, passou a escrever obras de maior fôlego, como um conjunto de cinco volumes de histórias de cariz autobiográfico e um épico em quatro volumes, que se tornou num clássico da literatura sueca, intitulado "Roman Om Olof". Durante a Guerra Mundial, publicou uma trilogia de nome "Krilonromanen" (1941-1945), em que manifesta uma profunda amargura perante o nazismo e manifesta uma forte oposição ao totalitarismo. Depois da Guerra, dedicou-se a escrever romances históricos, onde faz uma infatigável defesa do indivíduo contra a violência da História. Destacam-se "Strändernas Svall" (1946),"Drömmar om rosor och eld" (1949) e "Hans Nådes tid" (1960). Este último foi publicado em Portugal com o título "O tempo de Sua Graça" (Cavalo de Ferro, 2005), sendo a sua única obra publicada no nosso país até hoje.

Veja o vídeo sobre a sua vida e obra aqui.

A Borboleta de Dinard

Vibarao, 28.03.22

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Comentário ao livro “A BORBOLETA DE DINARD” de Eugenio Montale

Eugenio Montale foi um poeta italiano galardoado com o Prémio Nobel de Literatura em 1975. Mas, além de poeta, foi também jornalista e prosador. E foi nesta qualidade que escreveu os textos que estão reunidos neste livro.

Montale tinha um grande sonho quando era criança: ser cantor de ópera. Para isso, estudou música e canto, mas acabou por não seguir a carreira lírica, dedicando-se especialmente à poesia. Durante muitos anos, após a Segunda Guerra Mundial, Montale colaborou com o jornal "Corriere della Sera" que o contratou como crítico musical. Mas também escreveu para esse jornal, durante vários anos, textos curtos que me fazem lembrar as crónicas de Miguel Esteves Cardoso. É um conjunto dessas crónicas deliciosas que estão reunidas neste livro.

 

 

Eugenio Montale

Vibarao, 28.03.22

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Eugenio Montale, nascido em Génova em 1896 e falecido em Milão em 1981, foi um poeta, prosador, jornalista e tradutor italiano, ligado aos chamados "poetas herméticos", galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1975. “O facto da sua produção reduzida ter continuado a captar o interesse dos jovens, tanto no próprio país do poeta como no mundo em geral, é prova suficiente das suas excelentes qualidades e efeito duradouro.” (Comité Nobel) As suas principais obras são: "Ossi di seppia" (1925), "Le occasioni" (1939), "La bufera e altro" (1956), Satura (1971), "Diario del '71 y del '72" (1973), "Quaderno di quattro anni" (1977) e "Diario postumo" (1996). Em Portugal está publicado "A Borboleta de Dinard" (Publicações Dom Quixote, 1975), uma coletânea de crónicas publicadas originalmente no 'Corriere della Sera', e "Poesia" (Assírio & Alvim, 2005), uma antologia de poemas selecionados por José Manuel Vasconcelos.

Veja o vídeo sobre a sua vida e obra aqui.

Jornada Para a Noite

Vibarao, 25.03.22

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Comentário ao livro “JORNADA PARA A NOITE” de Eugene O'Neill

Todos os escritores colocam algo de autobiográfico nos seus livros. Se o leitor conhecer bem a sua história de vida, não lhe será difícil encontrar pontos onde a ficção se cruza com a realidade. Mas esta é, assumidamente, uma peça de teatro autobiográfica. A tal ponto que Eugene O'Neill nunca a deixou publicar nem estrear em palco e deixou no seu testamento que só o poderia ser feito trinta anos após a sua morte. Acabou por ser muito mais cedo, mas essa é outra história... E ainda bem.

 

 

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